A evolução do automóvel

A evolução do automóvel

Toda história de evolução científica e tecnológica é repleta de acertos e fracassos. E com os automóveis não foi diferente. Muitos inventores, engenheiros e outros profissionais quebraram a cabeça e se esforçam até hoje para alcançar o que parece impossível.

Ainda durante a Renascença, no século 15, o pintor e inventor italiano Leonardo da Vinci projetou um triciclo movido a corda, como um relógio. A ideia, porém, nunca saiu do papel. Demorou ainda quase três séculos para que o primeiro automóvel tomasse forma.

Assim como as locomotivas, o primeiro carro era movido a vapor. Máquinas pesadas, barulhentas e mau cheirosas que não eram muito bem recebidas pela sociedade da época. Depois veio o motor a eletricidade, uma fonte de energia limpa, porém muito cara. Até descobrirem que poderiam utilizar a gasolina como principal combustível demorou um bom tempo.

A maioria dos inventos partiu da Europa, onde os veículos eram conhecidos como “carruagem sem cavalos”. Só depois os Estados Unidos começaram a ganhar visibilidade com suas notáveis contribuições. Enquanto isso, o Brasil ficava de olho nas notícias que corriam e esperavam até que os primeiros carros chegassem ao país.

Conheça essa história incrível sobre a evolução dos automóveis ao redor do mundo.

Linha do tempo da história do automóvel

1672 – Veículo a vapor para o imperador chinês

1769 – Primeiro automóvel a vapor

1839 – Primeiro automóvel elétrico

1807 – Primeiro automóvel a combustão

1870 – Primeiro automóvel a gasolina

1893 – Primeiro automóvel no Brasil

1908 – Linha de montagem fordista

1919 – Primeira montadora no Brasil

A criação dos primeiros automóveis a vapor

Registros apontam que o primeiro veículo movido a vapor foi construído por Ferdinand Verbiest, um membro das missões jesuítas. Em 1672, ele estava na China, quando presenteou o imperador chinês com este "brinquedo", já que o pequeno veículo não conseguia transportar sequer uma pessoa.

Como a invenção não podia ser considerada um meio de transporte humano, a autoria do primeiro automóvel é atribuída ao engenheiro de guerra francês Nicolas-Joseph Cugnot. Em sua época, o vapor era a única fonte de energia e desde 1765, Cugnot vinha tentando usá-la para projetar um veículo que puxasse canhões para o exército francês.

Em 1769, nasceu a primeira versão do “Fardier à Vapeur” (carro a vapor), que foi aprimorado nos anos seguintes. Ele conseguia transportar até quatro pessoas e poderia puxar até quatro toneladas, mas sua velocidade mal passava de 3 km/h. O veículo tinha apenas três rodas e levava uma enorme caldeira na frente.

Por não ter freios, o Le Fardier foi responsável pelo primeiro acidente automobilístico da história. Durante uma demonstração pública, Cugnot teria precisado jogar o carro contra uma parede para pará-lo, em 1771. Ele parou de tentar no ano seguinte e se aposentou das invenções automobilísticas com uma pensão dada por Napoleão Bonaparte.

Outras tentativas e avanços

Depois desse primeiro momento, diversos engenheiros de diferentes nacionalidades foram acrescentando suas invenções ao automóvel a vapor. Em 1786, o britânico William Symington construiu uma verdadeira carruagem a vapor, com tração nas rodas traseiras, que conferia conforto aos passageiros, mas falhava no desempenho.

O primeiro inventor a desenvolver um motor com bom desempenho e completamente funcional foi seu conterrâneo, Richard Trevithick. O inventor fez uma demonstração pública em 1801, com velocidade máxima de 14,5 km/h.

Porém, essas e outras invenções ainda não conseguiam atender às necessidades das pessoas. O veículo era muito pesado, o motor era muito barulhento, exigia reabastecimento constante de água e seu desempenho deixava a desejar.

Foi então que começaram a usar o combustível? Não. Foi então que surgiram os automóveis elétricos.

Os carros elétricos

Pensou que carros movidos à eletricidade eram uma novidade? Que nada. Eles existem desde 1839. Desde aquela época, a eletricidade já era considerada uma fonte de energia mais limpa, e acreditava-se que o motor também poderia ser menor, mais potente e eficiente. 

O primeiro motor a eletricidade foi criado por um padre, o húngaro Ányos Jedlik, em 1828. Ele usou dos conhecimentos sobre bateria, geração de corrente elétrica e eletroímã que começaram a ser trabalhados desde 1800.

Mas essa tecnologia só foi implantada em um automóvel de escala real 11 anos depois, por Robert Anderson, da Inglaterra, que usou baterias não recarregáveis. Em 1847, Moses Gerrish Farmer construiu o primeiro carro elétrico estadunidense, com capacidade para transportar duas pessoas.

Mesmo com tantos experimentos, a tecnologia se mostrou cara e não atendia às expectativas. Seus pontos positivos é que ela não causava poluição sonora ou do ar, e tinha sistema de partida automática.

Por essas e outras praticidades, os carros elétricos chegaram a ser os favoritos das mulheres que tinham condição financeira de comprá-lo. Entre elas, a esposa do presidente dos Estados Unidos, Mamie Eisenhower, e a esposa de Henry Ford, Clara Jane Ford.

Esse tipo de veículo chegou até a ser considerado “muito feminino”, o que afastou homens que temiam parecer “pouco masculinos” caso o dirigissem. Apesar disto, ele era um dos favoritos de Thomas Edison, que também desenvolvia baterias para automóveis, e o bilionário John Rockefeller.

Embora as baterias tivessem cada vez cargas maiores, elas eram muito pesadas e precisavam ser recarregadas em postos, algo que não existia nas regiões rurais. Quando começou a competir com o motor a combustão, perdeu pelo custo e a eficiência, porém muitas tecnologias elétricas foram incorporadas aos novos automóveis, como a ignição por faísca.

Na década de 1920, a maioria dos fabricantes de carros elétricos já havia falido, inclusive a maior delas, a americana Detroit Electric Car Company.

As corridas e os recordes

É claro que essa corrida pela inovação não demoraria a se tornar competição. Em 1985, já eram promovidos duelos ou pequenas corridas a fim de bater recordes de velocidade. Alguns recordes aconteciam inclusive de forma isolada e eram logo depois batidos por adversários.

Foi um carro elétrico o primeiro a ultrapassar 100 km/h de velocidade. O feito foi do piloto belga Camille Jenatzy que, muito competitivo, alcançou 105,9 km/h, em 29 de abril de 1899. Curiosamente, o recorde foi quebrado dois anos depois, quando um carro a vapor, dirigido pelo próprio fabricante francês Léon Serpollet, ultrapassou 120 km/h.

Em 1906, nos Estados Unidos, o carro projetado pelos irmãos Stanley, da Stanley Motor Carriage Company,  foi pilotado por Fred Marriot. O Stanley "Rocket" bateu recorde de velocidade de 204 km/h, que só foi quebrado em 2009 na categoria motor a vapor.

Os primeiros carros a combustão

A experiência que a sociedade teve com os carros a vapor e a eletricidade tornavam as pessoas céticas sobre a capacidade do automóvel de fato se popularizar. O fato da Grã-Bretanha ter legislações de trânsito rigorosas também não colaboraram. Para que os automóveis realmente valessem a pena, era necessário um combustível diferente, que fosse capaz de gerar explosão no motor.

Houve várias tentativas de utilizar combustíveis alternativos, antes de chegar à gasolina. Em 1807, por exemplo, um carro foi movido por motor a hidrogênio, construído pelo engenheiro suiço François Isaac de Rivaz. Foi o primeiro automóvel movido a combustão da história.

Anos mais tarde, o belga Etienne Lenoir, que motorizava veículos de três rodas utilizando gás a carvão, foi o primeiro a utilizar óleo no motor. Seu motor de dois tempos era acionado por um sistema de ignição por faísca elétrica.

Mas o primeiro motor a gasolina teria sido utilizado pelo inventor austríaco-alemão Siegfried Samuel Marcus, em 1870. Essa data é confirmada por documentos fotográficos, mas acredita-se que esse carro tenha sido construído seis anos antes. Na época, seu motor tinha um cilindro e dois tempos, porém não existia freio ou volante.

O motor a quatro tempos foi desenvolvido pelo engenheiro alemão Nikolaus August Otto, em 1877. Inspirado no motor de Etienne Lenoir, Otto descobriu que o combustível seria muito mais bem aproveitado se fosse comprimido antes da combustão.

O legado de Benz e Daimler

A tecnologia dos motores a combustão interna só se tornaram populares com Karl Benz. Exatamente, um dos grandes nomes por trás da Mercedes-Benz. Em 1883, ele abriu com outros sócios a empresa Benz & Cie, onde passou a criar carros com designers próprios utilizando o motor de Otto.

Seu primeiro carro, lançado em 1885, foi revolucionário no mundo automobilístico, pois se tornou um marco da popularização desse motor, que se provou mais econômico e eficiente que todos os outros já inventados. Não é a toa que esse modelo é utilizado até hoje. O mais curioso, porém, é que seu carro nada mais era que um tricíclo. Isso mesmo, tinha três rodas e o motor na traseira.

No ano seguinte, Benz passou a produzi-lo em série e a criar modelos ainda melhores. Ele patenteou ainda seu próprio sistema de acelerador, velas de ignição, câmbio de engrenagens, radiador de água, carburador e outros componentes.

Sua esposa, Bertha, foi uma figura muito importante nessas invenções, pois chegou a testar seu veículo em longas distâncias, apontando melhorias que precisavam ser feitas. A viagem também deu visibilidade ao automóvel, já que naquela época, poucas pessoas haviam visto um carro pessoalmente.

Em 1926, sob efeitos da crise do pós Primeira Guerra Mundial, a Benz & Cie viria a se fundir com a concorrente Daimler Motoren Gesellschaft (DMG). O fundador da DMG, Gottlieb Daimler, porém, nem viu a fusão acontecer, pois faleceu em 1900. Ele também era considerado um grande inventor, e foi o responsável por criar o primeiro automóvel de quatro rodas movido a gasolina, exposto no Salão Automóvel de Paris em 1889.

Depois disso, o mercado de automóveis se mostrou altamente lucrativo e muitos veículos foram inventados, permitindo reduzir distâncias e economizar tempo. Com a descoberta de campos de petróleo, a gasolina era vendida a preços cada vez mais baixos. Mas foi a produção em massa de veículos que permitiu não só a consolidação dos automóveis a combustão, como também a popularização dos carros.

O que há de mais novo atualmente são os carros elétricos, que como você pode ver não é tão novo assim, mas promete ser o futuro do mercado automotivo que está sempre em constante evolução. 

Até chegarmos ao automóvel como conhecemos hoje foi um grande processo que une criação, testes, erros e acertos. Tudo isso levou ao surgimento desse produto que hoje enche as cidades e faz parte do dia a dia de cidadãos de todo o mundo. Falando de história, que tal conhecer modelos de carros marcantes? Confira 4 carros antigos que entraram para a história!